Na terça-feira (16), o sinal 5G “puro” chega às capitais Curitiba, Goiânia e Salvador. Os testes começaram uma semana antes para preparar a ligação da nova rede. As capitais Brasília, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e João Pessoa já receberam o sinal.
Pelas regras do edital, as operadoras têm até o dia 29 de setembro para prover no mínimo uma antena de 5G para cada 100 mil habitantes nas capitais do país. A expectativa da Anatel é que a cobertura de 5G em 3,5GHz — o chamado 5G “puro” — seja intensificada até julho de 2025 e que a tecnologia esteja disponível em todos os municípios brasileiros até 2029.
Além de ser potencialmente 100 vezes mais rápido do que o 4G e permitir que as transmissões de dados, uploads e downloads ocorram praticamente em tempo real, trata-se de uma tecnologia de baixo consumo, o que faz com que os dispositivos conectados a ela tenham baterias com maior vida útil.
O que significa 5G puro
De acordo com Luciano Carstens, gerente da área de Eletrônica do centro de ciência e tecnologia Lactec, o sinal 5G puro, na faixa de frequência de 3,5GHz, é o ideal em sua concepção real, que permite que a velocidade de transmissão de dados chegue a 1 Gigabyte por segundo (1 GBps). Já com o 5G de transição, que é o sinal ofertado atualmente pelas operadoras — o chamado 5G DSS — a taxa de transmissão será de aproximadamente 200 Megabytes por segundo (200 MBps).
“Ou seja, até que toda a infraestrutura esteja adaptada para a utilização do 5G puro, haverá uma habilitação de sinal que será melhor que o 4G atual durante a fase de transição”, explica o especialista. O 5G DSS é uma habilitação de parte dos benefícios do 5G, habilitada para a transição, e que na prática consegue ser até três vezes mais veloz que o 4G — porém aproximadamente cinco vezes mais lento ainda que o 5G puro e que possui todos os benefícios da nova tecnologia.
Segundo Carstens, o grande desafio está na adequação da infraestrutura, que levará algum tempo e se dará dos maiores centros urbanos para os menores, com melhorias gradativas de toda a tecnologia.
Como o 5G pode transformar o funcionamento de diferentes setores?
Estima-se que existam mais de 12 bilhões de equipamentos conectados à internet no mundo todo, um número que tende a aumentar com os benefícios trazidos pelo 5G. “As possibilidades destravadas com o advento dessa tecnologia são infinitas. Cada vez mais dispositivos e serviços estarão conectados, trazendo soluções inovadoras e até então disruptivas para as cidades, para nosso dia a dia, para o campo e para a saúde”, pontua.
O especialista explica mudanças proporcionadas pela nova tecnologia de internet móvel em diferentes áreas:
• Internet das Coisas (IoT): será possível ampliar serviços como inteligência artificial, dispositivos de reconhecimento facial e soluções como processamento e leitura de imagens e veículos autônomos. Além disso, o 5G potencializa a adoção de conceitos da Indústria 4.0 e da robotização
• Saúde: a área da saúde poderá ser transformada com a ampliação da telemedicina, mais facilidade para monitorar pacientes em tempo real e gerir unidades de saúde, assim como o acompanhamento em tempo real de ações como campanhas de vacinação e combate e controle de epidemias.
• Cidades inteligentes: uma tecnologia de baixo consumo e latência que permite a conexão de mais de 100 dispositivos por metro quadrado facilita muito a expansão de soluções para as smart cities. Com a conexão 5G torna-se possível ter veículos autônomos, automação do monitoramento de tráfego e controle e medição remotos de utilities como energia elétrica, gás e água.
• Agrotecnologia: o setor agrícola vai poder contar com melhores sistemas de monitoramento e controle, que se refletem em maior qualidade e mais produtividade. Colheitadeiras, semeadeiras e irrigadores podem ser automatizados e as lavouras podem ser equipadas com dispositivos de sensoriamento remoto e inteligência artificial para o acompanhamento dos dados de produção, como com a análise de imagens, por exemplo.
Para atingir toda a sua velocidade, o 5G precisa de mais pontos de conexão para troca de informações. Por isso, segundo a Anatel, é preciso instalar uma antena a cada 100 mil habitantes da cidade. É por esse motivo que Brasília foi a primeira das capitais a contar com o sinal de 5G; além de não ser muito grande, a cidade já contava com muitas antenas parabólicas, que usam uma frequência próxima à da quinta geração da rede de internet móvel.
Para que a população possa usar o 5G em seu dia a dia, é preciso contar com dispositivos adaptados a ele. Atualmente, existem cerca de 67 modelos de aparelhos celulares que são compatíveis com o uso da nova tecnologia de internet móvel.