Palmas (TO) recebeu, neste mês de setembro, o 4° Encontro para Apresentação das Tendências Agroclimatológicas, tendo como tema principal “A Interação do Clima do Manejo e a Produtividade Agrícola”. A iniciativa é promovida pelo Governo do Estado do Tocantins, por meio da Secretaria do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária, com apoio da Frísia Cooperativa Agroindustrial. Mais de 200 pessoas, entre agrônomos, produtores, representantes de entidades e empresas do setor agrícola estiveram presentes.
Segundo a coordenadora responsável pela Unidade Tocantins da Frísia, Erica Brito, o encontro focou principalmente em apresentar ao público como o clima deve se comportar durante a safra 2018/19. “O evento mostrou para os produtores a influência das condições climáticas na cadeia, alertando para importância do planejamento de todos os tratos culturais para que não ocorram perdas de produtividade”, afirmou Erica.
Esse foi o tema principal da palestra do engenheiro agrônomo e PhD em Agrometeorologia da ESALQ/USP-SP, Dr. Paulo Cesar Sentelhas, que deixou clara a relação entre produtividade e o clima, evidenciando o quanto a qualidade do manejo define os resultados. “O índice (de chuvas) varia bastante, mas quando se olha de maneira geral, hoje, se tem muito mais quebra na produtividade por manejo inadequado”, explicou.
Érica destacou ainda a importância de o encontro ter se voltado para a realidade dos produtores do Tocantins, tratando especificamente das condições climáticas atuais e futuras da região. “O cerrado tem um clima diferenciado, em algumas regiões chove mais e em outras menos, a discussão girou em torno de como se preparar para uma safra que, segundo as previsões divulgadas na imprensa, deve ocorrer durante o El Niño”, completa.
Tendências climatológicas para o Tocantins
O diretor-geral do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Francisco de Assis Diniz, apresentou um estudo realizado sobre as normas climatológicas do Brasil, com a variação das precipitações e temperaturas, especialmente no Tocantins, nos últimos 60 anos. Segundo o estudo, no início do período chuvoso, de outubro a dezembro, tem ocorrido aumento de temperatura e diminuição das precipitações, enquanto no final da temporada de chuvas, entre fevereiro e maio, as precipitações aumentam. “Isso significa que a estiagem está se estendendo por mais tempo. Essa tendência se apresenta devido a variabilidade atmosférica. Contudo, a variação mais longa no Brasil, medida nos últimos 50 a 60 anos, não confirma se essa condição é cíclica ou veio para ficar”, explicou.
Já para o Dr. Luiz Carlos Baldicero Molion, PhD em meteorologia pela Universidade de Wisconsin, dos Estados Unidos, e pesquisador do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE/MCT), a tendência é de um pequeno resfriamento do clima, entre 0,2ºC a 0,3ºC, principalmente fora das regiões tropicais. No Tocantins esse resfriamento não terá grandes consequências na agricultura, pois os dados observados indicam que durante um período semelhante, no passado, também houve uma redução de temperatura. Essa redução ocorreu particularmente fora da região tropical, onde o número de dias com chuva diminuiu, mas o volume total anual não mudou. A solução, então, é criar meios de conter águas pluviais. “É necessário tomar alguns cuidados para melhorar a infiltração, conter a água em barragens e ainda fazer com que a planta desenvolva um sistema radicular mais profundo, para ter um volume de solo maior”, orientou.
Além de Érica, a Frísia foi representada no evento por Emerson Moura, superintendente da cooperativa, Estefano Stemmer, gerente-industrial, além de agrônomos e cooperados da região.
Sobre a Frísia no Tocantins
A Frísia está no Tocantins desde 2013, quando adquiriu a Fazenda Santa Maria, localizada em Paraíso do Tocantins, há 63 quilômetros de Palmas, onde funciona um entreposto da cooperativa, inaugurado em 2016. Desde então, os cooperados do Tocantins contam com a assistência técnica da cooperativa e também dos pesquisadores da Fundação ABC. A estrutura da unidade que conta com seis silos, está ganhando seu segundo secador de grãos para agilizar o beneficiamento dos grãos recebidos dos 23 cooperados do estado. Na safra 17/18, somando as colheitas de milho e soja, a cooperativa recebeu 48 mil toneladas de grãos.
Sobre a Frísia Cooperativa Agroindustrial
Fundada em 1925, a Frísia é a cooperativa mais antiga do Paraná e segunda do Brasil. Localizada na região dos Campos Gerais, tem sua produção voltada ao leite, carne e grãos, principalmente, trigo, soja e milho. A cooperativa é resultado da união do trabalho de todos os cooperados e colaboradores; da diversificação da produção, englobando a produção leiteira, de grãos e de proteína animal; e da alta qualidade do que é feito e comercializado, com animais de excelente genética, rastreamento e investimento em tecnologia, infraestrutura e mão de obra. Os valores da cooperativa são Fidelidade, Responsabilidade, Intercooperação, Sustentabilidade, Integridade e Atitude (FRISIA).