As fake news, como fenômeno, não são algo novo. Inventar informações e espalhar boatos é uma prática comum na história da humanidade. O que faz da fake news um termo tão popular hoje é o fato de que com a internet e as redes sociais acabamos migrando para um mundo “pessoal”, em que cada um de nós, com um celular na mão e acesso à internet, pode falar o que pensa e pode alcançar uma audiência enorme.

Na maioria das vezes, as fake news não são produto de ingenuidades ou falta de informação das pessoas, mas sim de ações estruturadas de organizações com objetivos pré-estabelecidos, sejam de cunho ideológico ou com fins econômicos, para a busca de cliques nas redes.

Um levantamento realizado pela ONG ativista Avaaz com mais de 6 mil internautas no Brasil, na Itália e nos Estados Unidos em abril de 2020 – e, portanto, em plena pandemia – mostrou que 60% deles receberam fake news sobre a covid-19 pelo WhatsApp. O Facebook é a segunda plataforma apontada como a maior propagadora de notícias falsas no período: cinco em cada dez usuários se depararam com fake news por esta rede social. O dado mais preocupante do estudo quanto ao Brasil, é o fato de que sete em cada dez brasileiros acreditaram em ao menos uma notícia falsa a respeito da pandemia. Talvez seja por isso que, na mesma pesquisa, 80% dos brasileiros disseram que gostariam de receber correções quando forem expostos a notícias falsas.

Para as marcas, fatos inverídicos espalhados a seu respeito podem causar não somente danos à imagem, mas também prejudicar financeiramente um negócio, causar demissões de trabalhadores, e até atingir reputações pessoais de colaboradores, gestores e sócios. Um estudo recente da consultoria AMO Strategic Partners avaliou 1.611 empresas, que participam dos 15 maiores mercados financeiros do mundo, e identificou que 35,3% de seu valor de mercado – ou US$ 16,77 trilhões – são atribuídos à reputação corporativa.

As empresas devem, portanto, se preocupar muito com o conteúdo de mensagens que são propagadas sobre elas, implantar e seguir diretrizes eficazes para combater as falsas.

Medidas preventivas

Primeiramente, é importante manter um sistema permanente de monitoramento de notícias na mídia tradicional e de postagens nas redes sociais. Além disso, estabelecer processos de gerenciamento de crise e envolver os stakeholders certos são ações necessárias para prevenir efeitos negativos ou o maior alcance de informações falsas.

Em se tratando de mensagens sobre as organizações, os próprios colaboradores são essenciais e, por isso, o público interno precisa ser envolvido e estar preparado para reagir ou não. Promover treinamentos em comunicação e criar e difundir códigos de conduta, por exemplo, ajudam a reduzir o potencial de difusão de fake news nas redes sociais. Também é eficaz manter um canal de comunicação aberto com a imprensa e dialogar com jornalistas e influenciadores, sempre que oportuno e pautando-se na ética e respeito ao trabalho desses profissionais.

É hora de remediar

Uma vez propagada a informação prejudicial, a área competente pela comunicação precisa estar ciente e executar — com participação da alta gestão – ações para mitigar os efeitos negativos. Manter canais próprios (sites, perfis nas redes sociais etc.) para construir e difundir notícias verdadeiras a respeito do assunto são táticas eficientes. A depender do alcance das fake news, um trabalho em conjunto com a imprensa deve ser feito para esclarecer os fatos e desmentir o que foi dito.

Sem dúvida, sendo vítima de fake news a empresa se encontra numa crise de imagem e precisa agir com transparência, com coerência entre ações e discurso e reforçando, sempre, seu posicionamento e valores. Estar preparado ajuda a reduzir possíveis danos de algo que, infelizmente, não é de hoje e não cessará tão cedo. Talvez nunca.


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