Não é de hoje que marcas como Netflix e Facebook estão de olho nos games. Um estudo divulgado recentemente sugere que o game Fortnite tem mais em comum com o Facebook do que se imagina. O jogo, massivamente popular, está emergindo como um novo tipo de rede social para os consumidores mais jovens, da geração Z.
Mas o que é o tal do Fortnite, que vem tirando o sono das grandes marcas de entretenimento? O jogo de tiro é online e multiplayer, mas nele ninguém morre, os personagens são apenas “eliminados”. Ainda que armas, granadas e armadilhas estejam presentes, não existe sangue. Para o jornalista Brian Feldman, da New York Magazine, “a estética em geral é como se você estivesse jogando um game baseado em um filtro do Snapchat”.
O Fortnite é gratuito e acessível em diferentes plataformas, desde um console até um telefone celular. A forma de jogar e o objetivo são simples: 100 jogadores são colocados em uma área e a última pessoa a sobreviver vence. Os vencedores obtêm itens exclusivos conhecidos como “skins”, que permitem ao jogador ter uma avatar personalizado.
O game tem 250 milhões de usuários e ascendeu como uma rede social devido às transmissões realizadas no Twitch. Na plataforma de streaming da Amazon, o Fortnite é consumido pela maioria do público. Em março, por exemplo, foram realizadas mais de 103 milhões de transmissões ao vivo de gameplay do jogo, de acordo com dados do Twitch.
O público da Fortnite ainda é menor que o do Facebook e o do YouTube, cada um com cerca de 2 bilhões de usuários. Mas ainda assim o jogo não está tão longe do Twitter, com seus 330 milhões de membros. De acordo com o relatório do NRG Research Group, consultoria especializada em interseção de entretenimento e tecnologia, os entusiastas do Fortnite são extremamente leais. O público entre 10 e 17 anos, que joga pelo menos uma vez por semana, gasta 25% de todo o seu tempo livre com o Fortnite.
Segundo o relatório, ao contrário de outras plataformas e serviços, o Fortnite combina de forma exclusiva os benefícios das plataformas de jogos, mídia social e streaming, oferecendo aos consumidores uma experiência única. A empresa constatou que para os consumidores é o melhor lugar para “ser meu eu autêntico” e “conectar-se ao que todo mundo está falando, fazendo o usuário não se sentir sozinho”.
O objetivo da pesquisa foi entender por que as pessoas estão gastando tanto tempo com o Fortnite. Descobriram que é um jogo altamente competitivo, em que apenas uma pessoa vence e 99 outras perdem. E, no entanto, existe um profundo senso de comunidade. Constatou também que as pessoas estão tendo a oportunidade de experimentar. O usuário que na vida, por exemplo, não tem condições de usar um par de tênis Nike Air Jordan, no jogo encontra essa oportunidade.
Opção para o marketing
Ter uma grande aderência ao público jovem faz com que o jogo seja uma opção atraente para os profissionais de marketing que buscam investir em gerações como a Z. As marcas não podem anunciar no Fortnite em um sentido tradicional, mas algumas encontraram maneiras de explorar a comunidade.
A Nike, por exemplo, lançou um par de Jordan’s exclusivos que só poderiam ser obtidos através do jogo. Adicionar skins virtuais pode sair caro. Estima-se que criar um item exclusivo, com duração de uma semana, para os jogadores usarem no jogo, custa cerca de US$ 500.000.
Até estrelas da música já marcaram presença no Fortnite. O produtor musical e DJ Marshmello Eletrônico realizou um concerto virtual no jogo e fez com que quase 11 milhões de pessoas acessassem os servidores e participassem do espetáculo um dia antes do Super Bowl. Mais de 38 milhões de pessoas até hoje assistiram ao concerto Fortnite de Marshmello no YouTube. O concerto aponta para tendências do digital e social.
Ao contrário dos canais sociais tradicionais, o Fortnite permite construir experiências semelhantes à vida real. O Fortnite é o novo Facebook em alguns aspectos e gerações como a Millennium e a Z estão mais acostumados a viver em plataformas. Afirmar o que acontecerá com as mídias sociais no futuro é difícil, mas atentar para fenômenos como esse é algo importante para entender o caminho que está sendo traçado.
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